domingo, 4 de abril de 2010

Ahhh a natureza!


Hoje cheguei à uma conclusão interessante. Tudo que eu escrevi até agora só dizia sobre cidades e afins. Como assim? Como eu ainda não homenagiei a mais singela e linda de todas as belezas do mundo? Isso é praticamente um crime! Mas não seja por isso, agora vou me redimir.
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Pensei durante um bom tempo sobre o que iria dizer... foi então que me lembrei de uma viagem que fiz para Iporanga (São Paulo), para o Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, o PETAR. Ele foi criado em 1958 e abriga mais de 300 cavernas, todas cadastradas pela SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia). A viagem foi, no mínimo, espirituosa. É engraçado como podemos crescer como seres humanos pelo simples fato de entrarmos em contato com a natureza, senti-la... e principalmente, respeita-la.
O Parque é cheio de trilhas, cheio de Mata Atlântica... portanto, leve tênis (que possam ser jogados no lixo, se necessário),uma
garrafa de água e muita disposição. Você vai fazer caminhadas de horas, vai encontrar animais e terá a oportunidade (eu diria que até certo ponto, única) de entrar e visitar muitas cavernas. Vai também acordar cedo (normalmente 5 horas da manhã, para aproveitar bem o dia, antes de anoitecer), tomar um café da manhã rápido em uma das pousadas que existem por lá e acompanhar o guia.
Os guias são excelentes. Sempre contam a história do Parque e das cavernas antes de começarem a longa caminhada. Ah, se chover, respire o mais fundo que seus dois pulmões aguentarem. É o melhor cheiro do mundo! É, enfim, a natureza te mostrando que ela existe e, é claro, te dando as boas vindas para um dia bem molhado.
Por falar em cheiro, acho que o que eu mais percebi e apreciei durante a viagem foram os diversos cheiros. Descobri que a natureza não é única, singular. Ela é plural! Extremamente plural. Veja as cores também! Não se esqueça de olhar as cores, todas elas, em todos os animais, flores, cogumelos (não os coma, existem efeitos indesejáveis, como vocês já devem ter ouvido falar)... mas quando entrar nas cavernas, esqueça das cores. Não há cores. É então que você descobre que não é necessária a presença de cores para que a natureza se mostre. Um pouco de luz e curiosidade... e o ambiente está montado.
Perceba todos os espeleotemas das cavernas. Espeleotemas, para quem não sabe, são todas as projeções rochosas que estão
dentro das cavernas. Os mais conhecidos são as Estalactites (projeções compostas pela corrosão das rochas e deposição de CO2 associado à água, elas pendem do teto em direção ao chão, verticalmente) e as Estalagmites (compostas por mineirais depositados no chão através de gotas que se sedimentam, imagine só o tempo que isso deve demorar para formar!!!). Além desses dois espeleotemas, há ainda as chamadas cortinas, espirocones e tantos outros nomes interessantes e incríveis.
Depois que você apreciar tudo isso (com o seu "capacete especial", com uma lanterna de cabeça, para iluminar), o guia vai fazer a coisa mais interessante que eu já vi. Ele pede para que todos apaguem os seus capacetes e que se sentem no chão, em silêncio, durante um minuto.
Sente-se sim, mas deixe seus ouvidos atentos e ligados. Nunca senti tanto medo e esplendor ao mesmo tempo em minha vida. É tudo tão quieto e intrigante. Divino, no mínimo. "Deus existe!" - você pensa. Mas depois, as luzes se ascendem... e a sua vida volta ao normal.