sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Le gusta el Tango?


Os corpos se tornam um só. As bocas quase se tocam. Os pés arrastam no chão com tanto amor que se você fechar os olhos, sente o cheiro da música (experimente fazê-lo alguma vez). O tango é forte e ao mesmo tempo gracioso, paradoxalmente lindo, extraordinariamente envolvente. É não só uma música, mas também a arte expressa em movimentos. O som dos instrumentos, todos tão intensos, vão fazê-lo viajar parado - Viajar enquanto toma uma taça de vinho Concha y Toro Cabernet Sauvignon e come um belo e apetitoso bife de chorizo.
O Tango tem uma origem misteriosa. Os argentinos juram de pés juntos que o tango nasceu lá, enquanto os Uruguaios brigam com unhas e dentes para serem os pais do filho pródigo. O fato é que: Ele começou a aparecer no fim do século XIX, filho de variadas formas musicais. No começo só era dançado por pessoas da classe baixa da sociedade. Mas aos poucos foi dominando os corações de todos.
Quando lhe disserem "tango", a primeira pessoa que tem que passar pela sua cabeça é Carlos Gardel (ao lado, na foto). Todos os livros dizem que ele nasceu em Toulouse, na França. Porém, argentinos dizem que até hoje ninguém encontrou a certidão de nascimento dele.
Os Uruguaios sustentam que ele nasceu no interior do país de la Plata. Ele é então mais um dos grandes mistérios do tango, e mais um motivo de disputa. Junto com seu parceiro inseparável Alfredo Le Pera (esse é brasileiríssimo! Nascido em São Paulo!) gravou muitos dos sucessos incríveis que regam o tango. Um pequeno exemplo é Por una cabeza (de 1935), conhecido até hoje por ter sido dançado por (ninguém menos que) Al Pacino em 'Perfume de Mulher'.
Muitos guias turísticos contam que o tango foi uma dança criada para seduzir (Ó! Que novidade!). Dizem que ficou conhecido depois que mulheres da vida começaram a dançá-lo para agradar aos marinheiros, que passavam meses no mar e, depois da incrível jornada, desembarcavam no porto de Buenos Aires. Imaginem só, eles deviam sair dos navios parecendo... vocês sabem o que.
Com o tempo a dança foi se transformando (mais uma prova de que a música e a dança são vivas). Tomando o estilo que vocês conhecem hoje. Tornando-se essa febre que é.
Quando for à Argentina, por favor (por você!), vá a um show de Tango. Eles são feitos em cafés, com o estilo todo antigo. Se você quer ver realmente um show (no sentido literal da palavra), vá a casa de espetáculo chamada Señor Tango. Aprovo em todos os sentidos, mas repito: É um show. Com direito à entrada de quatro cavalos, pessoas vindo do teto e descendo no meio do palco, Carlos Gardel até o gargalo e, é claro, muitas bandeiras da argentina (com a homenagem incrível à Evita Perón).
Se você prefere algo menos chamativo, um pouco mais reservado e antigo (esse é mais meu estilo), vá a casa de espetáculos Café de los Angelitos, ou a casa Carlos Gardel. Essas tocam o puro tango. Você vê muitos casais dançando, recheado de melodias das melhores e cantores com aquela voz.
Todas essas casas oferecem um jantar, servido antes de começarem as danças. Em Café de los Angelitos o jantar é a luz de velas, o lugar é totalmente restaurado. Servem vinhos divinos e comidas maravilhosas.
Quando o show começar, não fale nada. Ou melhor, esqueça que você existe. Pelo menos por algumas músicas. É, no mínimo, mágico. Vai viajar no tempo, sentir Gardel cantando e tocando. Ah, quando você ouvir El día que me Quieras, segure as lágrimas. O ar fica seco, ríspido e totalmente desejoso (ar desejoso? Pois é).
Porque tango, é tango.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Metrô? Como faz?


Primeiramente: calma. É melhor que antes de partir você faça uma boa busca no Google. Digite: "mapa do metrô de Paris". Clique em imagens... e, por favor, não se assuste.
Vai ver algo parecido com um desenho infantil, daqueles de pré-escola, colorido e enorme.
...
Enquanto a rede metropolitana de São Paulo possui 12 linhas, a de Paris está dividida por 8
zonas, que totalizam 14 linhas (nada extraordinariamente diferente), todas indicadas por um número e uma cor. Porém, devo lhes informar que, juntas, elas possuem mais de 300 estações.
O que equivale, mais ou menos, à uma estação a cada três ou quatro quarteirões de uma Boulevard. Parece fantástico (e é!). Afinal, quem precisa de um táxi quando se tem uma estação de metrô a cada esquina?
...
Para começar, vamos falar dos tickets. Eles são chamados de "ticket +", são vendidos para uma única viagem e, além disso, incluem um trajeto de ônibus. Se você preferir pode pedir a Carte Orange, vendida por 29 €; essa pode ser usada durante cinco dias inteiros (acredite, fica mais barato do que o táxi). Os preços do ticket + variam dependendo da zona em que você se encontra, sendo que os principais pontos turísticos estão na zona 1 e 2; lá o preço é de 1.60 €. Se você deseja se afastar da cidade, vai ultrapassar para as zonas 3-8 (se precisar ir à Versailles, ou outras cidades ao redor de Paris, por exemplo), nessas o preço é maior.
Depois que você comprou no guichê o seu ticket, passaremos para a estação. A primeira coisa que notei foi, sem dúvidas, o aspecto antigo delas. Todos os corredores são túneis com paredes brancas. O chão é cinza (mais um indício de como franceses gostam de design simples e discreto). Se você pisar forte ou estiver de sapatos, vai ouvir seus passos. Ah, cuidado para não se perder. Algumas estações são enormes, com muitas escadas e bifurcações. Aconselho que você siga o mais antigo dos instintos: procure as placas.
Como franceses amam cinema, não será difícil de ver cartazes e mais cartazes de filmes nos corredores e na pista de embarque.
Por falar em pista de embarque, repare no quão estreitas elas são. Sente-se e espere o trem. Enquanto isso, olhe para cima. Verá uma placa, com o tempo que você vai esperar até ele chegar. Até você ter feito tudo isso, já será necessário levantar, os trens demoram no máximo cinco minutos cada um.
Quando avistá-lo, levará um choque. Pequeno. Bem pequeno. Também muito antigo, lembrando os anos 60, 70. O íncrivel é que ele não se torna feio. Paris tem essa magia de transformar, até os menos atraentes objetos, em encantos.
Espere ele parar... mas, antes disso, você notará as portas se abrindo (sim, antes de ele parar). Isso acontece porque elas são abertas manualmente e, assim que o trem está quase parando, automaticamente se destravam e podem ser abertas (antes que você se faça essa pergunta, eu já respondo: Não, elas não podem ser abertas enquanto o trem estiver transitando de uma estação à outra - "ufa!").
Ao entrar não inspire tão rápido. Dentro, o cheiro é... característico (leia-se: medonho). Não sei a origem dele, mas ele existe (e como!). As portas se fecharão; dessa vez automaticamente. Começa então a pequena e rápida viagem. Quando fui, reparei que o trem balança o suficiente para te incomodar, já que estamos acostumados com a quase leveza dos nossos. Também faz um barulho que leva você a imaginar aqueles filmes de maria-fumaça.
Uma pequena observação: se por acaso você for de pantufas para o metrô, não se preocupe. Ninguém vai lhe notar, pelo menos não consideravelmente (não vá pelado, porque daí fica difícil não lhe perceberem). Aliás, essa é outra característica marcante dos parisienses. A liberdade de como pensar, vestir-se, andar, falar e ver o mundo é extremamente respeitada por eles.
Portanto, pegue toda a sua curiosidade, alguns euros, coragem; junte com um pouco de você e vá dar uma volta de metrô! O seu bolso agradece!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sous Le Ciel de Paris!

A porta do avião então se abre.
A primeira coisa que aconselho é que inspire o mais fundo que seus dois pulmões aguentarem. Não rápido, devagar. O ar é frio no inverno e, na grande maioria dos dias, seco.
Desça do avião e, antes de prestar atenção em qualquer outro aspecto, aprecie os franceses. Uma coisa que notei é que eles não têm uma genética marcante, que se perceba. Se você encontrar um francês caminhando na estação da Luz provavelmente pensará que é mais um apressado paulistano.
Quer saber o que caracteriza um francês? A roupa. Na verdade eu diria... o estilo. Eles preferem um "entrar mudo e sair calado". São discretos, principalmente quando o assunto é roupa. Preferem as cores neutras e nada estampado, gostam de listras, bolinhas e xadrez. Você não vai ver uma francesa com uma bota verde limão, amarelo ouro ou qualquer outra cor que te lembre o arco-íris. Pelo menos não no inverno.
Mulheres são baixas (ah sim, nisso a genética marcou presença) e o cabelo, sempre curto. Elas amam variar nos chapéus, que aliás, são muito bonitos e compráveis. Homens preferem passar um gel e deixar o cabelo todo para trás, mas se encontra com certa frequência algum de boina, o que os deixa muito charmosos.
...
Logo depois de descer do avião e olhar um francês pela primeira vez, você vai notar que eles não precisam necessariamente falar para te dizer o que querem. Neles, o corpo inteiro fala. Desde a sobrancelha até os pés. São transparentes e não fazem a mínima questão de mudar isso. Se estiverem desconfiados, perceberá a desconfiança em todo o corpo. A felicidade é expressa num simples movimento da boca, que por mais singelo que seja, acredite, você percebe que é sincero. Se estiverem com frio então? Prepare-se para rir. Porque francês que é francês, não fala com o corpo, grita com o corpo.
Você então entra no aeroporto. Algo que achei muito engraçado foi o modo como eles anunciam vôos e chamam as pessoas pelos alto falantes. O que no Brasil, e em outros tantos aeroportos, se limita à um pequeno toque (antes da pessoa falar do outro lado) lá se dá por alguns acordes musicais. Daqueles que te dão a nítida impressão que está no céu. Tenho que confessar que quando o ouvi pela primeira vez o coração acelerou, levei realmente um susto!

Quando você for sair do aeroporto para o Hotel, preste atenção (não, ninguém vai te assaltar). Vá para o lado de fora, espere em baixo de uma placa azul com um desenho de um táxi (até aí, nada de novo). O taxi vai parar. Aliás, há uma fila enorme deles e também há uma grande possibilidade de que ele seja uma Mercedes (não leve um susto, é normal por lá). O taxista vai abrir a janela e vai te perguntar duas coisas: Quantas pessoas são e quantas malas você tem.
Em Paris, dependendo do carro e do taxista (e, é claro, do humor dele) só se leva uma ou duas pessoas no carro, se elas tiverem até três malas. Pois é. Se estiver viajando com o seu marido, noivo ou mesmo com seus pais, vai ter que ir em mais de um táxi se for uma pessoa que tem o hábito de levar, vamos dizer assim, uma grande parte do seu guarda-roupa.
Acontece. Mas não perca a cabeça.
Lembre-se: Você está viajando.
Os taxistas que peguei não foram simpáticos. Foram educados. Muito educados. Não colocam som alto no carro, não começam a te encher de perguntas (não se esqueça: eles são europeus, não latino americanos) e se, por um acaso, eles precisarem falar ao telefone, falam tão baixo que você começa a pensar "será que a pessoa do outro lado ouve?".
Pois é, bem vindo à Paris! Esses são os parisienses. Com essa cultura reservada, mas... experimente puxar assunto. Vão te dedicar algum tempo, com muito boa vontade e simpatia.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Um dos melhores remédios!


Prepare as malas. Ponha todos os dissabores e mágoas. A viagem vai começar. Em breve, nada será como antes.
... Por quê?
Ver, ouvir, cheirar, tatear e sentir: As pessoas, as infinitas linguagens, a cultura, a religião e os hábitos que os lugares nos apresentam. Essa experiência faz-nos descobrir um espaço diferente daquele que habita nossas mentes e que nós costumeiramente chamamos de "mundo".
Passar dificuldades nos hotéis, nas ruas, nos inúmeros restaurantes... acredite ou não, isso muda a sua vida. Todos os seres humanos que têm por hábito a viagem, nunca olham uma pessoa na rua e a estranham. Nada lhes é estranho. Todos se tornam iguais, todos somos iguais.
Viajar é como comprar a mais cara máquina fotográfica e, depois de perder retratos e mais retratos (por não saber usá-la), decidir fazer um curso de fotografia.
Você então monta a máquina. Carrega a bateria. Liga.
Tudo parece diferente. As luzes, as cores.
Viajar é finalmente aprender aquela disciplina insuportável e, no final, descobrir que a ama. É aprender a escrever novamente. É acordar depois de um pesadelo e descobrir aliviado que o mundo, na verdade, é menos ruim do que você vira. Abra os olhos. Sinta o espaço ao seu redor.
Nesse blog você encontrará dicas, pensamentos e impressões de uma menina-mulher que, embora não tenha viajado metade do que gostaria, tem seus tickets de viagens guardados todos numa caixa em sua casa. Sei que pode até não significar muito, afinal, não sou formada em turismo, não fiz história nem jornalismo e não trabalho como crítica.
Gostaria tão somente de compartilhar com você (seja você quem for) um pouco desse mundo que eu pude, por alguns dias e algumas vezes, vivenciar. Vamos lá!
Para começar, nada melhor do que um pouco de frio, glamour e crepes de Nutella. Sabe de onde estou falando? Bienvenue à Paris!